Com a bagunça política e jurídica no Brasil, veja como ficou a proposta do Drex

O Brasil vive um momento turbulento no cenário político e jurídico. Entre julgamentos de ex-presidentes, novas propostas legislativas e até sanções impostas pelos Estados Unidos, o ambiente institucional segue instável. No entanto, em meio a esse verdadeiro turbilhão, o Drex, versão digital do real proposta pelo Banco Central (BC), continua avançando — ainda que de forma mais tímida e com mudanças significativas em relação ao que foi inicialmente prometido.

---

O Drex perde força, mas segue nos bastidores

Originalmente anunciado para 2025, o Drex teve seu lançamento adiado para 2026 e agora chegará ao mercado em um formato muito mais restrito. O Banco Central abandonou duas das principais promessas: o uso da tecnologia blockchain e a tokenização de ativos. Com isso, o projeto, que antes pretendia ser uma moeda digital de uso popular, passa a ser apenas uma ferramenta de bastidores, destinada ao sistema bancário para verificar vínculos de ativos usados como garantias em operações de crédito.

Segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo, a decisão reflete uma postura mais cautelosa diante dos riscos tecnológicos e da grande pressão popular contrária ao “real digital”. Dessa forma, o Drex deixa de lado a ideia de competir com criptomoedas e se distancia da proposta de usar contratos inteligentes para digitalizar ativos.

---

Críticas e pressões políticas

Essa mudança não ocorreu por acaso. No Congresso, parlamentares como a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) vêm travando uma batalha contra a centralização do Drex. Para ela, a população precisa ter mais tempo para discutir o tema, já que a versão inicialmente proposta colocava em xeque a privacidade dos cidadãos.

Além disso, a preocupação com a segurança cibernética pesou na decisão do Banco Central. Recentes ataques hackers que desviaram mais de R$1 bilhão de instituições teriam reforçado os riscos do uso de tecnologias descentralizadas sem a devida expertise técnica no Brasil.

---

Um lançamento diferente do esperado

O Drex, que antes se apresentava como uma grande inovação tecnológica, agora será apenas um mecanismo centralizado de uso restrito ao sistema financeiro. Para especialistas, como o professor da FGV Ricardo Teixeira, essa cautela é compreensível, já que o Brasil é um dos países pioneiros a experimentar esse tipo de moeda digital em larga escala. Porém, ele ressalta que a expectativa criada pelo Banco Central acabou frustrando o mercado e empresas que investiram em soluções alinhadas ao modelo inicial.

---

Entre avanços e incertezas

Mesmo com a mudança de rota, críticos continuam apontando riscos de controle financeiro e falta de transparência. O fato de o Drex seguir totalmente centralizado no Banco Central mantém a preocupação de que todo o histórico de transações seja rastreável, aumentando a possibilidade de questionamentos sobre liberdade econômica e privacidade.

Assim, enquanto a política nacional segue abalada por julgamentos e as tensões internacionais despontam no horizonte, o Drex avança de maneira silenciosa, em um formato que pouco lembra o projeto ousado apresentado no início. O Brasil, mais uma vez, mostra que até mesmo no setor financeiro digital, a instabilidade institucional influencia os rumos da inovação.

Continue acompanhando as últimas novidades sobre o Drex e o mercado cripto acessando o nosso portal: tokenews.