Em 2025, o cenário das criptomoedas passa por uma das maiores transformações desde o surgimento do Bitcoin. A ascensão das finanças descentralizadas (DeFi), que já vinha ganhando fôlego desde 2020, atingiu um novo patamar. Segundo dados do DeFiLlama, o setor cresceu mais de 300% em TVL (Valor Total Travado) apenas nos primeiros cinco meses do ano, ultrapassando a marca dos US$ 250 bilhões. Essa explosão tem levado muitos a questionar: estamos presenciando o início do fim das exchanges centralizadas (CEXs)?
DeFi: de nicho a mainstream
A principal força do DeFi é sua proposta disruptiva: eliminar intermediários financeiros e devolver o controle aos usuários. Plataformas como Uniswap, Aave, Curve e Lido oferecem funcionalidades semelhantes às das exchanges centralizadas — negociação, empréstimos, staking, liquidez — mas operam com transparência on-chain, sem custodiar os ativos dos usuários.
Em 2025, essa proposta se consolidou. Novas versões desses protocolos agora incluem interfaces amigáveis, suporte multichain e integrações com wallets populares, facilitando a entrada de investidores iniciantes.
Por que o crescimento explodiu?
Vários fatores explicam o boom do DeFi em 2025:
1. Crises regulatórias nas CEXs
Após novos escândalos envolvendo má custódia e travamentos em saques, investidores estão migrando para opções que oferecem maior controle. A queda de exchanges de médio porte na Ásia e a recente investigação do FBI sobre práticas ilegais no Brasil reacenderam o debate sobre a segurança das CEXs.
2. Avanços tecnológicos
Com o amadurecimento de soluções como zk-rollups e DeFi modular, as redes tornaram-se mais rápidas e baratas, especialmente com o crescimento de blockchains como zkSync, Arbitrum, Base e Polygon zkEVM.
3. Interoperabilidade e UX
Aplicações como o MetaMask Snaps e wallets multicadeia transformaram a experiência do usuário, permitindo transações DeFi quase tão simples quanto em plataformas como Binance ou Coinbase.
Ameaça real ou narrativa exagerada?
Apesar do crescimento acelerado, as exchanges centralizadas ainda dominam o volume de negociação diário. Em abril de 2025, mais de 65% de todo o volume de criptoativos ainda foi processado em CEXs, segundo a Kaiko. Isso se deve à liquidez, facilidade de entrada para fiat, suporte ao usuário e ampla oferta de ativos.
Porém, o que está em jogo não é apenas volume — e sim confiança. Cada novo problema em exchanges centralizadas empurra milhares de usuários para protocolos DeFi.
Os desafios do DeFi
Nem tudo são flores. O universo DeFi ainda enfrenta desafios importantes:
- Riscos de contratos inteligentes: mesmo auditados, protocolos podem sofrer exploits.
- Problemas de governança: muitas decisões são tomadas por grupos concentrados de holders de tokens.
- Experiência do usuário: apesar das melhorias, ainda é mais complexo do que um app tradicional.
- Exposição a MEV e slippage em negociações grandes.
Além disso, a falta de suporte institucional pleno mantém o DeFi fora da carteira de muitos fundos tradicionais.
CEX e DeFi podem coexistir?
Sim. Muitos analistas defendem que CEXs e DeFi ocuparão papéis diferentes, coexistindo como complementares:
- CEXs serão a porta de entrada para iniciantes, fiat e grandes instituições.
- DeFi continuará como espaço de inovação, liberdade e transparência.
Inclusive, grandes exchanges já estão se adaptando, lançando produtos híbridos. A Coinbase, por exemplo, fortaleceu sua estratégia DeFi com a Base, rede própria que já abriga dezenas de protocolos. Binance também tem iniciativas integradas com a BNB Chain.
O que esperar do futuro?
Com o crescimento de plataformas como EigenLayer (staking re-staking) e o avanço da tokenização de ativos do mundo real (RWA), o DeFi pode se tornar a espinha dorsal do novo sistema financeiro global descentralizado. A expectativa é que, até 2030, mais de US$ 1 trilhão esteja travado em protocolos DeFi, segundo projeções do Messari e da Delphi Digital.
Conclusão
O crescimento de 300% no DeFi em 2025 não é apenas uma estatística chamativa — é o sinal claro de uma mudança estrutural no ecossistema cripto. As exchanges centralizadas ainda têm seu lugar, mas agora convivem com uma alternativa robusta, descentralizada e cada vez mais atrativa.
O fim das CEXs pode não ser imediato, mas o futuro das finanças digitais certamente será compartilhado — ou até liderado — pelas finanças descentralizadas. E nesse novo capítulo, o usuário é o verdadeiro protagonista.