A ascensão econômica da China não é novidade, mas a velocidade e a estratégia com que Pequim desafia o domínio do dólar impressionam. Com investimentos recordes em ouro, expansão comercial global e desenvolvimento de infraestrutura digital, a China prepara o terreno para que o yuan se torne uma das principais moedas de reserva do mundo.
Historicamente, os Estados Unidos conquistaram a liderança econômica global ao destronar a Inglaterra no século XX. Agora, a China replica essa estratégia, adaptando-a ao século XXI com tecnologia, inovação financeira e influência geopolítica. Se antes o ouro sustentava o poder das nações, hoje a combinação de reservas sólidas, moeda digital e stablecoins pode redefinir o futuro do comércio internacional.
Yuan ainda representa menos de 3% dos pagamentos globais
Apesar do crescimento impressionante da economia chinesa, o yuan ainda ocupa apenas cerca de 3% dos pagamentos internacionais, enquanto o dólar domina quase 50% das transações globais. Essa disparidade revela o desafio que Pequim enfrenta para internacionalizar sua moeda.
Contudo, os números mostram avanços consistentes. Nos últimos anos, o yuan cresceu em uso em países da Ásia, África e América Latina, especialmente em nações que fazem parte da Iniciativa do Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda). Além disso, acordos bilaterais de comércio em yuan aumentaram, reduzindo a dependência do dólar em transações estratégicas.
Controles de capital limitam expansão do yuan
Um dos maiores obstáculos para a ascensão do yuan como moeda global é o rígido controle de capital imposto pelo governo chinês. Diferente do dólar, que circula livremente, o yuan enfrenta restrições que limitam sua conversibilidade e uso internacional.
Essas medidas visam proteger a economia chinesa de volatilidade externa e crises financeiras. No entanto, também dificultam a adoção global da moeda. Para contornar esse problema, a China aposta em soluções inovadoras, como o yuan digital (e-CNY) e stablecoins lastreadas na moeda nacional.
Stablecoins em dólar dominam, mas yuan avança
Atualmente, mais de 99% das stablecoins em circulação global estão lastreadas no dólar americano. Tokens como USDT (Tether) e USDC (Circle) movimentam bilhões diariamente, facilitando pagamentos internacionais, remessas e operações comerciais.
Diante desse cenário, empresas chinesas identificaram uma oportunidade estratégica: criar stablecoins lastreadas no yuan para competir com o dólar no universo digital. Essas moedas digitais prometem:
- Redução de custos operacionais: Transferências instantâneas e baratas, sem intermediários bancários tradicionais.
- Facilidade de uso: Pagamentos globais 24 horas por dia, sem restrições de fuso horário ou feriados bancários.
- Menor dependência do dólar: Exportadores e importadores chineses poderiam negociar diretamente em yuan digital, evitando exposição cambial.
Além disso, gigantes da tecnologia como JD.com e Ant Group pressionam o Banco Popular da China para autorizar o lançamento de stablecoins offshore, especialmente via Hong Kong.
Hong Kong como ponte para o yuan global
Hong Kong desempenha papel crucial na estratégia chinesa de internacionalização do yuan. Como principal centro financeiro offshore da Ásia, a região oferece regulamentação flexível e conexões profundas com mercados globais.
Desde agosto de 2025, Hong Kong vem testando stablecoins em yuan, permitindo que empresas realizem transações internacionais de forma eficiente. Esses testes representam o primeiro passo para uma adoção mais ampla, que pode incluir integração com exchanges globais e sistemas de pagamento digital.
O impacto geopolítico da ascensão do yuan
Se o yuan se consolidar como moeda de reserva global, as consequências serão profundas:
- Redução do poder econômico dos EUA: A hegemonia do dólar permite aos EUA financiar déficits e aplicar sanções econômicas. Com o yuan forte, esse poder diminui.
- Maior autonomia para países emergentes: Nações poderão diversificar reservas e reduzir vulnerabilidade a crises do dólar.
- Novo equilíbrio de poder global: A China ganharia influência política e econômica, alterando alianças e blocos comerciais.
Portanto, acompanhar a evolução do yuan e das stablecoins chinesas é essencial para entender o futuro da economia global.
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